quarta-feira, 27 de julho de 2011

Rio Grande–Floripa

24.6.11
O relógio ainda marcava 4 hs, mas eu já estava acordado querendo partir, a ansiedade de seguir viagem e entrar no mar era grande. Enrolei na cama até as 5 hs e aos poucos fomos todos acordando. Havíamos marcado a saída para as 6 hs.

DSC08455DSC08457
Jairo ainda dormindo e Beto preparando o café

Olhamos o tempo, tudo favorável, o céu ainda com algumas estrelas, e o cheiro da manhã nos convidava a levantar e partir. Fomos todos para fora para auxiliar o Paulo Mordente na manobra pois a vaga em que estávamos era muito apertada. O Beto e eu controlamos as laterais e o Jairo ficou fora para saltar as últimas amarras. O barco foi saindo lentamente e no último instante o Jairo pulou para dentro.
A saída do Iate Clube de Rio Grande é bem traiçoeira devido ao calda reduzido, a dica, para sair a noite, é alguém ir iluminando as boias de marcação do canal e seguir bem colado nas bóias verdes.
Seguimos lentamente, deixando o Iate Clube para traz, ouvimos um grito de adeus e desejo de boa viagem dos amigos do GreenNomad, respondemos em coro desejando a eles o mesmo quando a hora chegar.

S1060005
Luzes do Porto na saída de Rio Grande

Deixamos para traz o porto velho e parte da cidade, que ainda dormindo, nos saudava com suas luzes amareladas e cintilantes. Aos poucos os navios foram crescendo à nossa frente e negociando sua saída para o mar, e nós, tão pequenos, também deixamos os molhes para tráz e, enfim, entramos no Atlântico.

DSC08461DSC08462

DSC08469
Sequência de fotos do amanhecer em Rio Grande

DSC08472
Jairo (esquerda) e Beto (direita) na saída dos molhes de Rio Grande

DSC08477
Lindo amanhecer deixando Rio Grande
 DSC08488     DSC08490

Vento 4-5, S/SO, fazíamos 7-8 empurrados pelo motor.
Tentamos abrir as velas umas 2 vezes, mas o ventos nem sequer encheu as velas. A solução foi aproveitar o dia e curtir a motorada com muita conversa, fotos, brincadeiras e descanso.

          DSC08502    DSC00927
Tentando velejar com Jairo e Paulo na roda de leme

DSC08496DSC08498
DSC08505
Beto e Jairo a esquerda, Paulo Mordente a direita e um Gremista feliz ao centro.
Olha só o mico, eu Tricolor paulista que sou, tenho uma cuia de chimarão do tricolor gaúcho no barco!!

Na hora do almoço foi minha vez de cozinhar, preparei um delicioso “strogonof’ com direito a batata palha e vinho para comemorar. Todos aproveitaram e ninguém devolveu a minha pérola da gastronomia ao mar.

DSC08509
Não faltou quem quisesse mais!! Desta vez todos passaram bem.

A noite foi chegando e todos estávamos ansiosos para ver como seria esta navegada a noite. O mar estava calmo e nos ajudou bastante. Ondas de 1-2 metros, de SE com intervalos longos. Lá pelas dez da noite decidimos dividir os turnos e o Beto, que queria exercitar mais o uso do radar, ficou com o Jairo no primeiro turno. Paulo Mordente fez o seguinte e eu fui dormir para fazer o turno das 4-7.

DSC00978DSC00977        DSC00981
  Paulo Mordente e Beto analisando as imagens do radar (esquerda), Paulo descansando (direita), imagem noturna (centro)

Dormi bem, tranquilo.
Quanto acordei fazia um bom frio, 12-14ºC, coloquei a roupa de chuva completa com muito moletom por baixo e fui lá pra fora, ou melhor , para o dog house onde ficamos abrigados do frio e da chuva e com a tela da plotter/radar na visão direta. Passei o meu turno sem problemas, alguns navios passaram ao londe, 2-3 milhas, e foram facilmente identificados pelo AIS. Outros 2 ou 3 alvos, provavelmente pesqueiros sem AIS, nos acompanharam de longe por um bom tempo, mas depois mudaram o rumo.

25.6.11
O dia clareou, ainda era meu turno e todos dormiam. Coloquei uma boa música, e fui chamando todos para o café o café da manhã. Tomamos o café lá mesmo, dentro da sala, café farto para todos os gostos.
Aos poucos cada um foi tomando seu lugar lá fora, o comando dos barco revezava e o Jarbas fazia sua função de controlar o leme de forma precisa. É verdade que ele vivia dando mensagens de erro que ninguem conseguiu descobrir a razão e com frequência tivemos que desativar um alarme de erro xyz.

DSC00966
O Jarbas (piloto automático) comandando o barco

DSC00964
Papo de convés com Beto e Paulo

DSC00939
O sonho e o infinito

Almoçamos uma bela galinhada que o Paulo Mordente fez. Outra vez mais os peixes não puderam saborear estas delícias da gastronomia gaúcha. Com tanta comida, cada um se enconstou num canto e fomos descansar um pouco. O Jairo era o que mais dormia, acho que era um sinalzinho de mareado, mas logo ele levantava para bagunçar um pouco e no s divertir.
A noite caiu novamente, o Paulo Mordente foi descançar um pois ele teria toda a madrugada para controlar a chegada em Floripa. Enquanto isto o Beto ficou no controle novamente e eu e o Jairo ficamos na reserva. Choveu bastante esta noite, mas o vento e a corrente nos empurravam, chegamos a fazer 10-11 kt.
Lá pelas 3 da manhã já havíamos passado a barra sul e estávamos atracando no pier do Iate Clube Veleiros do Sul.

 26.6.11
Café, banho, despedidas….
Deixamos o Paulo Mordente no clube, esperando o João, seu novo tripulante para o trajeto até Paraty, e fomos, Jairo, Beto e eu, para o aeroporto.
Estava cumprida mais uma fase desta travessia transportando nossa casinha flutuante até seu porto de descanso em Paraty.
Fica aqui o meu muito obrigado aos amigos Beto (Veleiro AlluMaris) e Jairo (Ilha Sul Construções Náuticas) pelo companheirismo e amizade, foram dias maravilhosos que deram a este marujo pouco experiente o prazer de uma boa navegada.
Um obrigado especial ao Paulo Mordente, excelente profissional que faz do mar sua vida, transportando barcos neste mundo a fora, sempre com muito cuidado e competência. Aos amigos Luis Manuel e Marli (Veleiro GreenNomad) meu eterno agradecimento por todo o apoio deste a construção até sempre.
Às nossas companheiras de vida e de navegadas em todos os mares, ares e estradas, Betinha (Paulo), Claudia (Jairo) e Karin (Beto), um agredecimento especial pelo apoio e por terem liberado seus maridos do calor de seus lares para me acompanherem neste momento tão importante.


O Bepaluhê já descansa nas águas calmas de Paraty!!

S1100015
Bepaluhê ancorado na praia de Jurumirim, lugar mítico e histórico para qualquer velejador, em especial para veleiros de alumínio.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Analisando a Meteo

 

21.6.11

Após o almoço e um pequeno descanso abrimos o PC para checar as previsões de tempo. Eu estava bem tranquilo, pois apesar de ser principiante nesta atividade e na análise das cartas sinóticas e outras formas de previsão do tempo, tinha ao me lado, e no comando das decisões sobre quando partir, um experiente velejador e navegador desta costa brasileira, o Paulo Mordente.

Aos poucos fomos percebendo que sair naquele dia e no dia seguinte seria muito perigoso, pois tanto as previsões, como os avisos da marinha, previam ventos acima de 30kt e ondas de 3-4 mt para a zona alfa. Assim, diante desta previsão pouco animadora, decidimos permanecer em Rio Grande, quietos  e esperando a situação melhorar.

 

S1040006

 

Esta é sempre uma situação difícil, sair correndo na frente do vento e ter vento bom para velejar, mas correr o risco do vento e ondas crescerem sobre você, ou esperar o vento forte passar e sair na cauda da frente, sabendo da possibilidade de ter que motorar por mais tempo. Como queríamos fazer o trecho Rio Grande- Floripa no menor tempo possível e com menos risco também, escolhemos esperar mais um pouco.

 

22.6.11

Outro dia tranquilo, mas de muito vento, as previsões se confirmaram com ventos de NW com rajadas de 40kt lá fora no posto de controle da praticagem de RG. Ajustamos as amarras e aproveitamos o dia para manutenções no barco e algumas configurações de rádio e sistemas de navegação com a ajuda do amigo Luis Manuel e também do atencioso Jorge Endo, representante da FURUNO-RADIOMAR além em Rio Grande.

 

S1050007 

 

23.6.11

Logo cedo o Jairo e o Beto já estavam lá, trouxeram pão fresco e leite para o café da manhã. Aí a brincadeira ficou mais divertida ainda pois os dois são muito agradáveis e fazem brincadeira de tudo a todo momento. O Jairo, para não ficar parado, demontou o sofá para achar um pequeno vazamento de diesel, e aproveitor para já fazer todo o reparo. Ficamos por alí mesmo no clube durante o dia jogando conversa fora e contando causos e histórias de cada um.

 

S1050005

 

Parecia mais um grupo de jovens indo para seu primeiro acampamento. Tudo era brincadeira e farra. Aproveitamos para checar as previsões de tempo novamente após o almoço e vimos que poderíamos sair na madrugada do dia seguinte.

Saímos para o supermercado para fazer o “rancho” e preparar as despensas do Bepaluhê para a próxima perna da nossa travessia.

À noite, para comemorar a partida e preparar o estômago para a navegada de dois dias que tinhamos pela frente, fomos jantar em uma churrascaria e nos divertimos mais um pouco com as histórias de cada um.