quinta-feira, 17 de julho de 2014

Navegando de Paraty a Salvador

E o grande dia chegou!!

Chegamos em Paraty, Sérgio Chagas (Veleiro Intuição) , Rogério Di Giorgio (Veleiro SpyroGira)  e eu ( Paulo do Bepaluhê) , por volta das 15 hs do dia 25/6. O Bepaluhê já estava limpinho e pronto para zarpar, faltava apenas arrumar todo o rancho (alimentos) que havíamos comprado para estes quinze dias de viagem. Fica aqui meu super obrigado a minha amada Betinha que, mesmo na correria de trabalho, tirou um tempinho para fazer uma super compra de mantimentos para nossa viagem.
Gastamos o resto do dia arrumando e estocando alimentos e bebidas, afinal seriam 15 dias de viagem.

No cardápio dos congelados tínhamos o "escondidinho de carne seca” do do mestre Chaguinhas, as lasanhas e sopas lá de casa (valeu tia Marcia) e umas carnes para churrascos e assados.

Ahh, e tinha também a promessa de peixe do novo amigo Rogério “Brodinho”, e não é que o cara mandou bem na pescaria e nos garantiu peixe frequinho!!

O nosso objetivo era chegar em Salvador em  15 dias e deixar o Bepaluhê no Aratu Iate Clube descansando até a REFENO. Na programação tínhamos algumas paradas estratégicas em Búzios, Vitória, Abrolhos, Santo André e finalmente Salvador.
Dividi a tripulação em 3 etapas:
  • Paraty- Vitória: Paulo, Chaguinhas e Brodinho
  • Vitória-Abrolhos-Santo André: Paulo, Betinha e Chaguinhas
  • Santo André-Salvador: Paulo e Chaguinhas
Analisando meteorologia e o tempo durante todo o mês anterior a partida percebi que as frentes que estavam subindo e trazendo ventos favoráveis para nossa travessia não estavam chegando com a força e duração que esperávamos e muitas vezes as frentes seguiam rumo ao mar antes de chegar a costa sul do Rio de Janeiro onde estávamos. Pior, sem boas frentes era o nordeste que reinava por aqui.
Para nossa sorte percebemos que uma frente fraca estava por chegar, trazendo ventos fracos para velejar, mas reduzindo o vento contrário. Decidimos então sair no dia seguinte e seguir motorando até Búzios se fosse necessário, foi o que aconteceu.
Com vento fraco e mar azeitado partimos de Paraty no dia 26/6, com 5-6 kt de velocidade com o motor mantendo 2200rpm. 
NADA DE VENTO por dois dias. 
Valeu para descansar e aprimorar a técnica de pesca oceânica com o amigo Rogério “Brodinho”.


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Chegamos em Búzios com tranquilidade mas já com um nordeste ventando fraco e  anunciando o que seriam os próximos dias: o famoso vento NAKARA.
Não tinha outra opção, era esperar uma outra janela com ventos de quadrante sul ou NE mais fraco. E assim fizemos por mais 2 dias inteiros, deixando para sair na madrugada do dia 01/7, mais uma vez com NE fraco e tocando no motor.


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                                          Bepaluhê e os clássicos em Búzios


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No meio da manha do dia 01/7 veio o grande presente, uma barracuda de 3-4 kg, tamanho justo para nosso almoço e uma sobra ainda. O Rogério “Brodinho” mandou muito bem, tanto na pescaria como no “tratar” e preparar o peixe para o forno.

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E como a disputa do prêmio “Chef Gourmet do Mar” ainda estava aberto, o Brodinho correu para a cozinha para preparar a bela iguaria, e vejam no que deu: uma manta assada ao forno com alho, cebola e azeite.
Uma delícia!!

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Ao amanhecer do dia 02/7 já podíamos ver Vitória ao longe e por volta das 9 hs já estávamos atracados ao píer do Iate Clube do Espírito Santo.

"Just in time” para receber minha amada que acabara de chegar de Sampa por via aérea. Seguimos, Betinha e eu, para um hotel deixando o Chaguinhas e Rogério no barco.

Fica aqui meu agradecimento ao novo amigo, Rogério “Brodinho” Pescador pela companhia e companheirismo, este é nota 10!

Dormimos em Vitória esta noite após um delicioso jantar na casa de amigos e no dia seguinte zarpamos lá pelo meio dia com rumo a Abrolhos.

Uma travessia tranquila, com mar azeitado, ondas pequenas e vento praticamente zerado, e da-lhe motor.
A noite foi tranquila com turnos de 2 hs alternados entre eu e Chaguinhas a partir das 18 hs. Vale lembrar que esta é uma boa divisão de turnos quando estamos em duas pessoas para dividir.

A almiranta fez um pouco de companhia para cada um de nós e lá pela meia noite foi dormir um pouco.

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                                       Saindo de Vitória: almiranta Betinha no comando


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                    Caindo a noite com Paulo e Chaguinhas no comando


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                               O Comandante e a Almiranta no turno do entardecer


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                                          Amanhecendo rumo a Abrolhos


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Durante toda a manhã do dia 04/7 passamos por dezenas de baleias. Sempre aos pares (mãe e filhote) fomos brindados com dezenas de cetáceos passeando e se divertindo ao nosso redor.

Um show da natureza !

Como eu esperei por estes momentos...

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                                                             Mãe e filhote


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                                                     Um salto ornamental!


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                                                                      Splash!!


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Curtindo a aproximação do Farol de Abrolhos!
… Radio Farol de Abrolhos, Radio Farol de Abrolhos… Veleiro Bepaluhê
… prossiga veleiro Bepaluhê, canal uno quatro.


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 Comandante Chaguinhas em mais uma aproximação ao arquipélago de Abrolhos… sabe tudo este comandante!


Após as formalidades e solicitação de autorização para fundear no arquipélago (lembrem-se que ali quem manda é a Marinha do Brasil em colaboração com o ICMBio ), conseguimos também autorização para desembarque na Ilha e corremos para assistir mais um jogo da fatídica Copa do Mundo do Brasil 2014.

Felizmente o Brasil venceu o jogo e retornamos ao Bepaluhê para uma “boa”noite de sono (ventava leste puro e o vento entrava na pequena Baía em uma parte desprotegida tornando a ancorarem um pouco mais mexida que o habitual).

No dia seguinte, pegamos carona em uma visita que os profissionais do ICMBio fariam com profissionais do ramo de fotografia para documentar a fauna da Ilha Siriba.

Foi um banho de informações, de cultura e de conhecimentos fotográficos. Bem divertido!!
Isto sem falar que ver e documentar toda aquela natureza “bruta” foi um verdadeiro prêmio de “Honra ao Mérito”por ali estarmos e por termos chegado com nossos próprios meios e conhecimentos náuticos.


À Marinha do Brasil e ao ICMBio, nossos eternos agradecimentos e reconhecimento pelo lindo trabalho que ali exercem. 


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                                               Entre o céu e o mar


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                          Como pinto no lixo! (feliz para quem não sabe)


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                                                Mar e Ouro


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                                                 Se achando...


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                                                          O Atobá...

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E o malvado preferido das Fragatas, só de olho nos ninhos dos Atobás...


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                                                      É nóis …. tricolaço!


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Como eu saio daqui??  disse o brodinho Chagas


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A almiranta, minha amada, fazendo “de um tudo” para estar ali comigo, curtindo e aproveitando o momento.
Mile Grazie amore mio!!!

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                       Comandante Paulo na Siriba com o Farol de Abrolhos ao fundo

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                                 Meu atobá preferido

Fizemos o passeio da Siriba de manha e quando o sol batia meio dia ouvimos no rádio… “veleiro Bepaluhê, Veleiro Bepaluhê"

“Bepaluhê na escuta, disse eu”

"Será que vocês podem mudar o local de ancorarem pois o Navio Baliza Tenente Boanerges está se aproximando para descarregar suprimentos e realizar manutenção ao Radio Farol Abrolhos"

obs: O NB Tenente Boanerges é a primeira na Marinha do Brasil a ostentar esse nome. Homenageia o Capitão-Tenente Boanerges do Amaral Filho, falecido em serviço no ano de 1946, quando em campanha hidrográfica, na região de Macaé, Rio de Janeiro.

Esta foi a senha que precisávamos para suspender nosso ferro e partir rumo a vila de Santo André, no município de Cabrália ao sul da Bahia.

Partimos as 14 hs com 15 kt de vento leste puro, nos dando uma velejada magnífica (talvez a melhor de todas) até o fim da tarde e início da noite. O vento leste sempre constante, variando de 13 a 15 kt. permitiu brincarmos com os ajustes de vela, abrindo todo o pano em uma velejada inesquecível.


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                            Deixando Abrolhos em uma velejada memorável

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                            Armação em Cutter com as duas velas de proa abertas


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                               Comandantes Paulo e Chagas delirando...

Mas como nem tudo são Rosas, a noite veio e Netuno nos trouxe surpresas: mar de 2-3 metros, desencontrado com ventos que variávam de 18 a 25 kt.

Uma noite menos memorável e muito desconfortável.
Mas como dizem os patrícios de Alentejo… “é o que temos para hoje"

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 Entardecer no mar… só para quem tem coragem de se fazer ao mar


Chegamos na barra de Santo André bem no horário marcado… a matriz ja marcava 9 da manhã e mestre Carlindo (nosso guia na barra de Santo André) respondeu nosso chamado ao rádio.
Entramos tranquilamente seguindo o Carlindo barra a dentro. Para trás um mar revolto, mais a dentro um rio de águas límpidas e um povo hospitaleiro.

Ancoramos bem em frente ao restaurante Gaivota e corremos para terra.

Depois de 3 dias de descanso em Santo André aguardando melhores condições meteorológicas, suspendemos o ferro no dia 10/7 e seguimos barra a fora fazendo rumo direto para Cumuruxatiba e Salvador.

Foram 30 hs de travessia com um pouco de tudo, pouco vento e muito motor no primeiro dia, noite tranquila com muitos pesqueiros com redes e espinhéis para todo lado, e por fim, após o almoço do segundo dia, vento NE firmando entre 15-18 kt com tudo o que precisávamos para chegar tranquilamente em Salvador.

Um pouco de tudo!

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                                                          O V da vitória


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                            O bêbado e o equilibrista ( ele só toma Coca-Cola, kkkk)


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                                                            Il dolce far niente


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                                            Chegando em Salvador


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E da-lhe PIrajás

Chegamos em Salvador na manha do dia 11/7 e seguimos para o Aratu Iate Clube onde o Bepaluhê irá descansar por alguns meses até a REFENO.

Quero agradecer a minha querida amada Betinha pelo apoio irrestrito à realização de meus sonhos e aos meus parceiros maravilhosos de viagem, Sergio Chagas e Rogério Di Giorgio pela companhia e apoio durante todas as etapas da travessia.

Nos vemos na REFENO