Dia 12/3/2012
Tudo falava contra uma boa velejada pois as previsões eram de ventos fracos de quadrantes N/NE. O dia amanheceu cinzento e ainda carregávamos o desprazer do encalhe do veleiro guia, Amar Sem Fim, no entardecer do dia anterior, fato que nos impediu de chegar ao destino desejado da Ilha das Peças onde encontraríamos os outros veleiros da flotilha.
Tudo preparado para a partida as 5 hs da manha, a maré estava subindo e permitiu o desencalhe do Amar Sem Fim com facilidade. O Jânio Preto, nosso guia, sugeriu que esperássemos mais uns minutos para o dia clarear pois havia uma bóia crucial para a nossa passagem e que estava sem luz.

Cinco da Manhã, pronto para partir após o nosso cafezinho básico de todo dia
Por volta das 5:30 hs. a flotilha começou a navegar rumo a Ilha das Peças. Em pouco tempo o contato com o Veleiro Minerin do Cmdte Ariel e os outros dois veleiros argentinos que não haviam passado pelo canal do Varadouro por questão de calado, já era visual. Mudamos o nosso rumo e seguimos no destino do canal para deixar a Baía de Paranaguá.

Flotilha ainda unida seguindo rumo ao canal de Paranaguá

Veleiro Kilimandjaro do nosso Comodoro Philippe ao nosso lado

Cmdte Paulo e veleiro Namastê ao fundo
O vento ainda era fraco, 4-5 kt entrando pela alheta de BB. Mas mesmo assim alguns veleiros já fora abrindo suas genoas para ajudar na navegação. A maré ainda era favorável, mas prometia uma virada no meio ou fim da saída do canal, e muitos veleiros do grupo temiam a maré contraria que poderia retardar a saída. No final, todos saíram bem no canal de Paranaguá e após a útlima bóia fomos percebendo as estratégias individuais, alguns aterrando mais e outros abrindo mais distância da costa.

Abrindo o rumo para encontrar o vento
Como eu sabia que teríamos ventos moderados de NE fui me preparando para uma navegada com gennaker, abri bastante da costa nas primeiras horas enquanto o vento ainda era fraco. E por volta das 10 hs da manhã, já tendo cumprido quase um terço de nossa travessia, comecei a brincar. Subi o gennaker armado a BE e fui caçando o vento com bons ângulos qu evariaram de 50 a 120 graus. Com isto fui abrindo um pouco mais da costa, mas não tinha problema pois estávamos no primeiro grupo da flotilha e mesmo perdendo tempo sabia que chegaríamos em São Francisco do Sul antes da chuva prometida para o final de tarde.

Abrindo o gennaker

Ajustando as velas
Velejamos quase duas horas com a mestra bem aberta e o gennaker armado no gurupés móvel que temos no Bepaluhê. Foi muito legal. O Sérgio, meu primo e tripulante desde Cananéia, e eu estávamos realizados. Velejar com aquele lindo balão assimétrico, em uma travessia oceânica, e com a tripulação em alto astral; não tem preço!!

Alegria estampada na face

Uma imagem para ficar na memória
A Betinha mais uma vez foi uma Almiranta de primeira, ajudou a subir e controlar as velas, tocou o Bepaluhê com maestria nos momentos que eu estava ajustando e trimando as velas e além de tudo, ainda nos preparou um delicioso lanche para o meio da travessia.
Os dois tripulantes, Sérgio e Fabiana, superaram as dificuldades, marearam um pouco mas conseguiram vencer os medos e enjôos, e finalmente nos brindaram com sua presença, companhia e amizade. Foi muito bom tê-los a bordo em mais este dia.
Depois de algumas horas abrindo nossa rota resolvi aterrar um pouco, demos um primeiro jibe meio problemático, mas no final conseguimos armar a vela a BB e velejar um pouco em direção a terra. Ao final esta decisão se mostrou muito acertada pois não só nos permitiu encontrar um bom vento, 9-12 kt contínuos até as 15 hs quando entramos no canal de acesso a SF do Sul, mas também encontramos o ângulo ideal do vento para navegar tranquilos até o final da tarde.

Fazendo a criança voar
Depois de uma ilhota de pedra que agora me foge o nome demos outro jibe, agora perfeitamente realizado pelo Sérgio e por mim, armamos o gennaker novamente a BE e seguimos rumo entrada do canal.
Foi uma velejada maravilhosa, parecia que o barco deslizava, as rajadas de 12-14 kt levantavam a proa do Bepaluhê que dava uma pequena surfada e depois descia mascio o cavado das ondas. Aos poucos eu fui encontrando os ajustes ideias das velas e os ventos ótimos para velejar nosso Bepaluhê com harmonia e tranquilidade.
Chegamos em São Francisco do Sul por volta das 15:30 e seguimos para as proximidades do Museu do Mar onde soltamos nosso ferro com tranquilidade. Ancoramos bem longe dos outros barcos e demos uma boa folga de corrente conseguir uma ancoragem segura e eficaz. Logo depois de ancorados já baixamos o bote, colocamos o motor e seguimos para aquele restaurante delicioso que fica ali na orla para comer um delicioso prato de "Camarões a Grega". Não sei se na Grécia fazem os camarões empanados e fritos em um espeto, com queijo derretido no meio e servido com um suculento arroz com legumes e uvas passas, mas em São Francisco do Sul ele fazem. o prato é farto, serve duas ou três pessoas e sabor dos camarões e divino.

São Francisco do Sul e veleiro Minerin (Cmdte Ariel) vistos do Bepaluhê

Entardecer em São Francisco do Sul

Em cada porto uma nova benção; a Catedral de Nossa Senhora das Graças
Depois do Jantar, uma passeio pela cidade, visita a Igreja, caminhada pelas ruas, tomamos um delicioso sorvete da marca Paviloche (recomendo) e fomos dormir o sono dos Justos com a certeza de que havíamos feito a melhor travessia "so far" deste CCS 2013.